Bairros de Porto Alegre têm êxodos de moradores após enchentes
Dois meses após a tragédia, comunidades na zona Norte enfrentam desafios monumentais para reconstruir o que as águas levaram
Porto Alegre tem movimentações em bairros por conta de enchente
A zona Norte de Porto Alegre ainda vive os impactos avassaladores deixados pela enchente que assolou o bairro Humaitá e a Vila Farrapos há dois meses. Centenas de famílias continuam sem poder retornar para suas casas, que agora se encontram vazias e inabitáveis. Além dos estragos visíveis, como móveis arrastados e pisos deformados, muitas residências tiveram suas estruturas comprometidas pela força das águas.
Nesta quinta-feira, um cenário de perseverança e solidariedade se delineava ao redor da Arena do Grêmio. O movimento habitual da avenida Padre Leopoldo Brentano dava lugar a um esforço coletivo: proprietários e funcionários de estabelecimentos comerciais, ainda impossibilitados de retomar suas atividades, dedicavam-se incansavelmente à limpeza do lodo que teima em persistir nas paredes e calçadas.
Enquanto bares e restaurantes permanecem fechados, as fachadas exibem cicatrizes do desastre, lembrando a todos os desafios enfrentados. Nas ruas próximas à Voluntários da Pátria, destroços de madeira se misturam ao entulho, testemunhando a magnitude da destruição que terá de ser superada para que novas construções possam surgir.
Leia mais:
Caso de menino eletrocutado na região metropolitana de Porto Alegre é concluído sem indiciamentos
Assassinato de jovem por empresário em Porto Alegre deverá ter júri em outubro
Moradores de Porto Alegre falam sobre dificuldades
Silviano José Mendes da Silva, residente local de 59 anos, tornou-se uma figura essencial na reconstrução, oferecendo seus serviços de reforma aos vizinhos. Para ele, a preocupação vai além dos muros derrubados: “Quando a água derruba um muro, compromete toda a estrutura. É arriscado tentar reparos paliativos. Se não há salvação para a casa, é mais seguro procurar outro lugar para recomeçar”.
Silviano também levanta questões cruciais sobre a ajuda governamental. “Recebemos auxílio federal, mas onde está o apoio do Governo Estadual? E o que a prefeitura está fazendo por nós?”, questiona, emocionado ao mencionar os vizinhos idosos que perderam tudo. Sua voz carrega a indignação justa de quem enfrenta a adversidade diariamente.
Imagem destaque: Reprodução